segunda-feira, 27 de abril de 2009

A VIDA É TRÁGICA OU FAZEMOS DELA UMA TRAGÉDIA?

Já não é de hoje que o ser humano busca explicar o sentido da vida. Se considerarmos os filósofos e suas obras, veremos o grande anseio da maioria deles em compreender a razão do viver. Mas, não são somente os filósofos com suas idéias e raciocínios que buscam uma explicação para a vida, já houve e ainda há muitas outras pessoas de diferentes segmentos da sociedade humana almejando explicá-la ou defini-la. O conhecido cineasta Woody Allen, por exemplo, reafirmou em entrevista recente que a vida é trágica. Como podemos ver, parafraseando um antigo ditado, “de médico e filósofo, todo mundo têm um pouco”

Caríssimos leitores, a vida, além de ser uma aventura de fé e trabalho, é um convite constante à reflexão e a observação. Suas facetas e desdobramentos nos colocam diante de situações que exigem de nós olhar para ela não como mero objeto especulativo, mas como um meio que pode nos aproximar de realidades até então desconhecidas e assim, através delas, mergulharmos num oceano de riquezas encantadoras e incalculáveis. Com isso e por isso, queremos dizer que não temos o direito de menosprezá-la, abortá-la, feri-la, sufocá-la, reduzi-la, destruí-la, corrompê-la ou banalizá-la. Temos, sim, o direito e o dever de cuidar bem dela e de vivê-la intensamente para a glória de Deus.

Talvez, por ter mencionado Deus em nosso raciocínio, você levante a questão: Mas onde está Deus se há tanta tragédia na vida? Caso essa pergunta tenha ocorrido, saiba que ela, por si mesma, nos coloca diante de duas situações: a primeira é que somos seres que perguntam por Deus e, se perguntamos por Ele, isso denota que, direta ou indiretamente, não conseguimos viver sem algum tipo de relação com Ele, ou ainda, que Ele é uma questão inerente ao ser humano, mesmo para aqueles que se dizem ateus, pois até esses, no interesse de combater sua existência, demandam longas horas tendo Ele como objeto de suas elucubrações; a segunda, em nosso modo de ver, é que ainda que reconheçamos que existam tragédias na história humana, não desejamos ser alvo delas e muito menos destinados a elas.

A Bíblia, que não esconde as tragédias, é uma biblioteca que nos apresenta a vida não como fruto do acaso e muito menos como um projeto fadado ao trágico. Ela nos coloca diante do fato que somos fruto do Criador que não mediu esforços para fazer de nós seres a Sua imagem e semelhança. Ao lado desse ensinamento, vemos também nas Escrituras Sagradas que a presença da tragédia não é fruto de um Deus distante, mas de seres que decidiram viver distantes de Deus e rebeldes a Ele. Ainda que alguns não creiam nisso, quem pode negar em sã consciência que o homem em seus desregramentos não tem facilitado e provocado o aumento e aceleramento das tragédias? Caso você tenha dúvidas, considere o estado atual em que se encontra a família, os animais, os rios, as aves, o ar que respiramos etc.

Finalmente, antes de questionar o Criador do Universo pelas tragédias ou definir a vida como uma experiência trágica, convém perguntar a nós mesmos como temos tratado a vida em sua relação com Deus, consigo mesma e uns com os outros. Entretanto, esse exame só terá validade se tomarmos como referência de vida uma Pessoa e essa Pessoa é Jesus Cristo, pois Ele, segundo as Escrituras Sagradas, é o Deus que se fez gente e que, ao habitar entre os homens, amou, sofreu, chorou, indignou-se, angustiou-se, mas, mesmo passando por tantas aflições, sua história dramática, única e extraordinariamente fascinante, nos faz compreender que a vida só é trágica para aqueles que a desperdiçam, ou seja, aqueles que não vêem nela a grande, misteriosa e inigualável oportunidade de, seguindo os passos de Jesus, superar os obstáculos com amor, fé e esperança. Soli Deo gloria.

Uéslei Fatareli, rev. ms.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Planeta "habitável" à vista!!!

No ano de 2007, o Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França juntamente com pesquisadores do Observatório de Genebra e do Centro de Astronomia de Lisboa descobriram um planeta que, segundo eles, “possui ao mesmo tempo uma superfície sólida e líquida e uma temperatura próxima da encontrada da Terra”. Caso novos dados colhidos por satélites assegurem que o planeta em questão é habitável, muitos esforços e empreendimentos serão feitos para que o mesmo seja tanto alvo de uma futura visita do homem, como também objeto de exploração por parte deste sagaz visitante. E aí? O que será deste ‘novo’ planeta ou o que poderá vir a ser dele depois desta possível chegada do homem? Repetiríamos nele erros semelhantes àqueles cometidos no passado, quando, em nome do acúmulo de riquezas e do domínio de uma minoria, civilizações inteiras acabaram sendo dissipadas e pessoas livres vieram a se tornar escravas ou vítimas de holocaustos?
Para responder às perguntas acima é necessário que analisemos com honestidade a vida do homem na Terra até o presente momento. Nesse sentido, de uma forma bem resumida, podemos dizer que, conquanto já tenha havido, como fruto do empreendimento humano, momentos e situações que mereçam nossa admiração e enlevo, o homem, lamentavelmente, de um modo geral e ‘progressivo’, têm causado mais a destruição de si mesmo e do ambiente natural ao seu redor do que propriamente o seu desenvolvimento harmonioso, sustentável e saudável.
O pior disso tudo é que enquanto alguns demonstram não ter consciência do mal até aqui praticado, outros, por sua vez, mesmo tendo conhecimento do estado em que Terra se encontra, se mostram indiferentes com relação a ela, não vendo qualquer necessidade de arrependimento ou mudança no modo de pensar, viver e agir. Se esta situação perdurar, dentro de poucos séculos o planeta Terra já não poderá ser chamado de ‘planeta verde’ e nem de ‘planeta água’, mas de ‘planeta caos’.

Finalmente, vem a minha memória o ano de 1969, quando ainda criança assistia pela TV a chegada do homem à Lua. Lá os astronautas colocaram a bandeira de seu país. Depois da missão cumprida os tripulantes da Apolo 11 retornaram a Terra e foram recebidos como heróis. Passados os anos, vemos que o homem não conseguiu habitar na Lua por razões já conhecidas da maioria de nós. Talvez, seja por isso que ela continua linda e misteriosa para quem a admira. Será que ainda não aprendemos que quem não cuida bem de si mesmo, não está apto a cuidar de ninguém, e que quem não ama os de seu próprio habitat não serve para habitar em lugar algum? Não será melhor deixar em paz o planeta descoberto, pelo menos enquanto não aprendemos a arte de viver pacificamente e fraternalmente uns com os outros? Deus tenha misericórdia de nós e do planeta que foi avistado e que os raios de Gliese nos impeçam de chegar nele com o mesmo espírito dominador e usurpador que tanta destruição e hecatombes têm provocado na Terra, lugar ainda habitável, mas até quando?

Uéslei Fatareli, rev. mestre em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie

quinta-feira, 16 de abril de 2009

PÃO, EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE SAUDÁVEIS

Caríssimos leitores, caso não sejam tomadas medidas governamentais céleres, justas e necessárias no âmbito federal, estadual e, principalmente, municipal, o turismo nacional poderá enfrentar, se é que já não está enfrentando, crescentes perdas e prejuízos. Há quem diga que o motivo principal dessa situação no setor turístico tenha conexão direta com a falta de segurança e de organização nos municípios brasileiros.

Não resta dúvida que foi dada aos governantes, por meio do voto, a condição de se tornarem agentes públicos, ou seja, pessoas com a autoridade e o dever de tomar decisões sóbrias, sábias, corretas e práticas com importantes graus de relevância na esfera pública, econômica, social, cultural, turística etc. Mas, ainda que os governantes possuam tal autoridade e dever, não se pode imaginar que um povo desfrutará de um governo bom e capaz sem que cada pessoa, no exercício de sua cidadania, aja e reaja com racionalidade, responsabilidade e, acima de tudo, altruísmo. Quanto à cidadania, é bom lembrar que a mesma tem relação com o ‘indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este’.

Caríssimos leitores, eleger representantes pelo voto direto custou ao povo brasileiro um preço alto, um preço que foi pago inclusive em porões de tortura. Não obstante, ainda há muitas outras conquistas a serem feitas por todos nós. Uma delas é a de sermos perseverantes e facilitadores no sentido de que toda a nação tenha acesso a pão, educação e meio ambiente saudáveis.

Finalmente, aprendemos com Jesus nos Evangelhos que gente faminta precisa ser alimentada (Jo 6.1-15), entretanto, aprendemos com Ele também que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Mt 4.4). Tais constatações nos permitem pensar que de nada adianta estar alimentado e continuar rejeitando a prática de ensinamentos que resgatam o verdadeiro sentido da vida e a preservação de tudo que a envolve. Por isso, que o Brasil seja conhecido, tanto por quem nos observa de longe como por aqueles que nos observam de perto, não somente pelo entretenimento que produz nas avenidas e nos campos de futebol, mas, principalmente, pelo pão na mesa de cada brasileiro, pela oportunidade de formação educacional com qualidade para todos e pela conscientização, comprometimento e ação de cada morador deste país na preservação do ecossistema que o acolhe, de tal maneira que nossa nação e nossos bosques tenham mais vida.

Soli Deo gloria.

Uéslei Fatareli, rev.ms
POBRE ESTADO RICO
Quem de nós, em meio à crise econômica que atravessamos, já não perguntou: “De onde vem tanto dinheiro do Estado para socorrer empresas financeiras e montadoras de veículos?” Com certeza o dinheiro não caiu do céu, mas ele é fruto, em sua maior parte, como já estamos cansados de saber, daquilo que o próprio Estado arrecada de seus cidadãos, por meio da cobrança de tributos. Nisso tudo, o que nos espanta não são as enormes quantias em dinheiro que estão sendo utilizadas pelos governos para socorrer setores que foram atingidos em cheio com a explosão da crise econômica mundial, mas em saber que vivemos num sistema que é especialista em cobrar e enriquecer, na maioria das vezes, a si mesmo, mas pobre, para não dizer miserável em muitos casos, na distribuição eqüitativa da renda recebida por aqueles que são seus próprios contribuintes.

Por isso, enquanto um Estado ou governo arrecadar precipuamente com o interesse maior de encher seus cofres, atender interesses partidários desconectados com a realidade social do povo, ou, o que é pior, tendo em vista satisfazer os caprichos pessoais, egoístas e narcisistas daqueles que os representam, os cidadãos, em sua maior parte, continuarão vivendo em estado de pobreza, a boa e competente educação continuará sendo privilégio de poucos, os trabalhadores continuarão sendo explorados sem ter quem os defenda com integridade e lisura, os idosos continuarão sendo desrespeitados e as crianças continuarão sendo vítimas de um sistema que dobrou seus joelhos à moeda e que, em razão disso, tornou-se incapaz de olhar para os pequeninos e os menos favorecidos, pois quem serve ‘mamom’¹ não pode servir a Deus e quem não serve a Deus busca seu próprio interesse e não o do outro.

Finalmente, que a crise atual sirva para nos fazer parar e refletir que a riqueza de um homem, ou de um Estado ou governo, não se resume na quantidade de bens que eles possuem para si mesmos, pois de nada adianta acumular riquezas se não aprendemos a ser ricos no sentido de oferecer com liberalidade, responsabilidade e justiça as condições e os meios para que todos tenham as mesmas possibilidades de viver dignamente. Caso não nos arrependamos e não nos deixemos ser corrigidos, poderemos até mesmo construir palácios, mas morreremos de fome dentro deles, poderemos até falar de liberdade e almejá-la, mas continuar edificando e mantendo estruturas escravocratas que roubam de nós a possibilidade de ser verdadeiramente livres. Rendamo-nos, pois, inteiramente e humildemente, ao senhorio de Jesus, Aquele que liberta os encarcerados e se coloca ao lado dos que têm fome e sede de justiça.
Soli Deo gloria.
Uéslei Fatareli, rev.
mestre em Ciências da Religião
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

¹ ‘Mamom’: termo de origem aramaica com os seguintes significados: ‘riqueza’ com forte conotação negativa, ‘lucro’ de origem iníqua ‘personificado’ e oposto a Deus’