sábado, 27 de junho de 2009

MUNDO DA IMAGEM VIRTUAL E IMAGEM DE DEUS NO MUNDO



Em razão do desenvolvimento tecnológico, nunca tivemos tanto acesso à imagem virtual como atualmente temos. Tal imagem, transmitida por monitores simples ou sofisticados, é exposta em lugares públicos ou privados, nas mais variadas ocasiões e dos mais diversos modos. Dependendo do lugar em que nos encontramos somos capturados por câmeras para ser imagem a ser observada e, até mesmo, julgada.

Uma imagem virtual pode ser comum a várias pessoas, ou seja, num mesmo período de tempo, mesmo vivendo em domicílios diferentes, um grupo pequeno ou grande de expectadores pode ter como objeto de visualização, sonora ou não, uma mesma imagem, seja ela benéfica ou maléfica.

Ao lado disso, em nosso modo de ver, nunca se explorou tão mal a imagem virtual, especialmente aquela que é transmitida pelos meios de comunicação de massa. E isso pode ser notado, principalmente, quando certos grupos empresariais, tendo como pretexto razões sociais, usam e abusam da comunicação visual com fins meramente mercadológicos e sensacionalistas. É muito comum nesses casos a notícia tornar-se um mero produto e o expectador um mero consumidor da mesma.

Desta forma, caso não sejamos constantemente criteriosos e cautelosos com a imagem exposta ou transmitida pelos meios de comunicação de massa e as interpretações que a acompanham, poderemos, direta ou indiretamente, facilitar e muito a formação de um comportamento, individual ou coletivo, desajuizado, desordenado e desastroso. Se deixarmos isso acontecer, poderemos ser conhecidos, por quem sobreviver no futuro, como a geração que mais possuiu recursos para ver, mas que, em contrapartida, foi a que menos enxergou.

Outro aspecto que pode vir como desdobramento deste mundo de má exploração da imagem é o que chamamos preliminarmente de entorpecimento virtual coletivo. Ou seja, aquilo que poderia ser um meio para uma tomada de reflexão prudente, sensata e imparcial termina sendo um mecanismo de manipulação que pode muitas vezes nos levar a um desajuste social ainda maior.

Mas, mesmo que a má exploração da imagem virtual continue acontecendo, não precisamos e não temos que ser seus expectadores cativos. Podemos com a graça de Deus reagir, tomando a firme decisão de não contaminar-se com ela e nem favorecer ou facilitar sua propagação. Para isso é necessário sair da posição de expectador passivo e assumir a forma de atento observador do mundo, não com fins meramente especulativos, mas como cidadãos dispostos a melhorá-lo.

Finalmente, antes que o uso desenfreado, irresponsável e leviano da imagem virtual cause nossa própria destruição, sejamos todos moldados à imagem de Jesus, Aquele que é a imagem do Deus invisível e a expressão exata do seu Ser. Por meio d’Ele e com Ele saímos da condição de expectadores do trágico e passamos a ser personagens reais de uma nova criação, a criação daqueles que foram feitos para ser conforme a Sua imagem e semelhança no mundo, criação daqueles que não vivem mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou ( 2 Co 5.15)

Soli Deo gloria.

Uéslei Fatareli, rev.ms.

sábado, 6 de junho de 2009


TIANANMEN
A palavra chinesa que serve de título para nossa breve reflexão, transliterada evidentemente com caracteres de nosso alfabeto, significa “PAZ CELESTIAL” e se refere ao nome de uma praça que fica localizada na cidade de Pequim, na China. Em nossa língua portuguesa conhecemos a praça como Praça da PAZ CELESTIAL.

TIANANMEN é a maior praça urbana do mundo, com aproximadamente 405 mil metros quadrados de área. Entretanto, é uma praça que não possui árvores e nem assentos para aqueles que nela transitam. Foi nesta praça, em 1° de outubro de 1949, que Mao-TseTung proclamou a República Popular da China e foi também nela, poucos meses antes do regime popular chinês comemorar quarenta anos, que um jovem de paradeiro ainda desconhecido, sem armas nas mãos, enfrentou no dia cinco de junho de 1989 os tanques do exército de seu próprio país, bloqueando-os por alguns instantes com seu próprio corpo.

Não entrando aqui no mérito de tudo que envolveu os conflitos entre o governo chinês e os destemidos jovens estudantes que se fizeram acompanhar de sindicalistas daquele país, não podemos deixar de ressaltar que o nome da praça, PAZ CELESTIAL, nos aponta, numa primeira análise, mais para o céu do que para a terra.

Ficamos a pensar no que teria acontecido às mentes dos líderes de um regime político marcadamente materialista para que permitissem que sua maior praça continuasse sendo chamada de TIANANMEN. Será que tal postura representava somente um modo de não quebrar o vínculo com o passado ou será que os anseios do passado continuavam vivos no presente? Será que isso já não sinalizava que é impossível a qualquer sistema político garantir paz ao homem que vive na terra? Será que a permanência do nome de uma praça que foi construída inicialmente em 1420 não era uma maneira de mostrar que nossa caminhada na terra é essencialmente um convite para desfrutarmos da PAZ CELESTIAL nela? Será também que TIANANMEN não era uma forma de representar a ausência da PAZ, ou ainda, que podemos ser pacificadores e construtores da paz na terra, mesmo quando vivemos inseridos em regimes governamentais que alijam a Pessoa de DEUS, O PAI CELESTIAL, simplesmente por julgarem tal pensamento desprovido de lógica e de valor científico?

Caríssimos, trazemos à memória o ocorrido no dia cinco de junho de 1989 para lembrar com muito respeito o ato daquele nobre e corajoso estudante chinês, que também, de alguma forma, contribuiu para que o muro de Berlim naquele mesmo ano caísse. Tais acontecimentos, tanto pelos aspectos correlatos como pelos seus desdobramentos sociais, levaram alguns historiadores a afirmar que o ano de 1989 estabeleceu o fim de uma era e inaugurou uma nova. Há quem diga, com bons argumentos, mas em tom angustiante, que estamos hoje vivendo a era do vazio. Desta forma, em nosso modo de ver, é necessário refletirmos melhor sobre os acontecimentos ocorridos em Pequim e em Berlim, pois os mesmos nos ajudam a entender que somos seres humanos em busca de uma PAZ PERPÉTUA em todas as eras e em todas as dimensões da vida.

Finalmente, mesmo vivendo numa era que até pode ser chamada de era do vazio, continuamos trazendo dentro de nós mesmos o desejo de preencher todo vazio do corpo e da alma, todo vazio que nasce do fruto de relações descartáveis e insustentáveis e todo vazio existencial que vem como resultado de não se ter encontrado sentido na vida. Nesse sentido, precisamos muito mais do que uma Praça com o nome TIANANMEN, pois somos seres humanos chamados à existência para desfrutar de PAZ CELESTIAL na terra, a PAZ PRESENTE E PERMANENTE e não aquela que é ocasional e efêmera. Felizmente, a PAZ ETERNA pode ser encontrada, recebida, vivida e transmitida, não a partir de sistemas de governo político, mas por meio de JESUS CRISTO Aquele que governa com perfeição e a Quem a Bíblia chama majestosamente de PRÍNCIPE DA PAZ. Somente através d’Ele, praças sem verde, sem esperança, sem alegria e sem liberdade de diálogo voltam a ter árvores e bancos. Os bancos nos convidando para assentarmos e conversarmos pacífica e livremente uns com os outros e as árvores, abrigo dos pássaros, nos oferecendo acolhimento e refrigério em suas sombras generosas.

Soli Deo gloria.



Uéslei Fatareli, rev.ms.

JESUS E A RAPOSA
Primeiramente, precisamos esclarecer aos nossos caríssimos leitores que não se trata de uma fábula, mas de um depoimento. E que depoimento seria esse? Trata-se de um depoimento feito por Jesus com relação a um dos principais governantes de sua época. Referimo-nos aqui ao rei Herodes, a quem Jesus chamou de raposa (Lc 13.31-32).

Há quem pense que por Jesus ter dito nos Evangelhos “Dai a César o que é de César e a Deus o que é Deus” (Mt 22.21) Ele tenha com isso ensinado a termos uma postura passiva e indiferente com relação às autoridades, não submetendo as mesmas a qualquer tipo de avaliação justa, contínua e criteriosa. Todavia, se olharmos com atenção para a vida de Jesus, conforme é narrada nos Evangelhos, veremos que Ele respeitava sim as autoridades constituídas, mas, também, não era ingênuo com relação a elas, pois Ele bem sabia que por detrás de muitos aparatos oficiais e palacianos escondiam-se ‘raposas da pior espécie’.

Como sabemos, existem raposas que são fruto de uma ordem natural, mas há também um tipo de ‘raposa’ que é resultado de uma desordem da natureza. O primeiro grupo respeita sua espécie e alimenta-se de outras, somente para sua sobrevivência, o que faz com que não haja qualquer tipo de extinção. Por outro lado, o segundo grupo, além de não cuidar e nem de respeitar os de sua própria espécie, promove tanto a destruição dele mesmo, como também a extinção de outros grupos de seres vivos.

Herodes, o rei ao qual nos referimos no início dessa reflexão foi uma autoridade cruel, carregada de inveja, hipocrisia e com o medo doentio de perder sua posição política. Seu governo girava em torno de si mesmo, e, para manter-se no comando de um poder déspota, tudo ele fazia para conservar seus privilégios, até mesmo fingir interesse em prestar adoração ao recém-nascido Jesus (Mt 2), todavia, com objetivo homicida em relação ao Senhor e Salvador do mundo. Não alcançando êxito, deu ordem para que todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, fossem mortos (Mt 2.16-18).

Pensando no que pudemos refletir até aqui, o que seria manifesto da parte de Jesus com relação a cada autoridade que hoje ocupa algum cargo no poder executivo, legislativo ou judiciário? O que Ele afirmaria de cada autoridade ligada ao comércio, à indústria ou ao terceiro setor? O que Ele diria de cada autoridade religiosa de nossa época? Qual depoimento Jesus faria a nosso respeito?

Finalmente, precisamos ser criteriosos e vigilantes, não só com relação aquele tipo de ‘raposa’ que se reveste ou que é revestida de autoridade, mas, também conosco, visto que a maioria de nós exerce, mais cedo ou mais tarde na vida, algum tipo de domínio. Nesse sentido, precisamos ser exigentes e sóbrios com relação a nós mesmos no que tange a uma conduta que priorize a retidão e a irrepreensibilidade em Cristo. Somente assim, com a graça de Deus, teremos condições de não viver enganando quem quer que seja. Somente assim deixaremos de ser enganados por aquele tipo de ‘raposa’ que Jesus nos alertou a respeito, uma espécie que engana muitas pessoas, mas que não engana a todos em todo o tempo, pois há limite para tudo na vida, inclusive para tais ‘raposas’, pois nada há encoberto que não venha a ser revelado (Lc 12.2). Soli Deo gloria.

Uéslei Fatareli, rev.ms.
Mestre em Ciências da Religião
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie