sábado, 8 de outubro de 2011

ALIENADORES E ALIENADOS



No Brasil tem partido político para todo gosto e para todo tipo de pessoa. Muitos deles se deixassem de existir não fariam a menor falta. E por que dizemos isto? Porque a maioria deles não tem qualquer interesse em promover uma relação participativa do povo na vida pública. Aliás, o lema dos tais é o seguinte: “Quanto maior a superficialidade dos eleitores no trato com questões de ordem política e partidária melhor é, pois desta forma fica bem mais fácil exercer sobre eles todo e qualquer tipo de manipulação, seja por discurso ou propaganda”. Neste caso, o discurso e a propaganda não se prestam para levar o eleitor a um engajamento e a uma reação positiva e relevante na construção social conjunta, eles são apenas “alma” e “arma do negócio”, instrumentos de manobra que ajudam a manter adormecido, entorpecido e alienado todo e qualquer espírito de cidadania.

Por outro lado, observamos também a presença em nosso país de um partido que, mesmo não organizado, é o mais forte de todos os que estão por aí. E que partido seria esse? É o partido dos alienados. Ele não tem registro nos tribunais eleitorais, mas sua expressão e dimensão no território nacional são impressionantes e assustadoras. São impressionantes pelo fato de filiar pessoas de todas as classes sociais com um mero convite que diz: “Não se incomode com nada, acomode-se com tudo, deixe que os outros decidam por você, assim a culpa será deles e não sua”, e são assustadoras por abortar o nascimento e o desenvolvimento da vida pautada pelo amor solidário que se responsabiliza pelo outro e não somente por si mesmo.

Concluindo nossa breve reflexão damos vez e voz ao poeta Carlos Drummond de Andrade que disse: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional!”. Conformação, alienação ou amor em ação, o que vamos escolher?


Uéslei Fatareli, rev.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MOVIMENTO CONTRA A CORRUPÇÃO



No dia 7 de setembro p.p., em meio às comemorações do dia da Independência, aconteceu em Brasília uma marcha que ficou intitulada “Marcha contra a Corrupção”. Tal protesto público, exemplo de cidadania ativa, já faz parte do registro histórico da participação popular na vida política brasileira. É necessário, entretanto, que o movimento movimente-se pautado pela ética integral e não por aquela que fica restrita a discursos de pseudo-poetas que promovem a morte da sociedade. É preciso também que cada brasileiro, além das marchas, atue individual e coletivamente em grupos legitimamente organizados de forma permanente e vigilante, pois, neste mundo, o combate à corrupção não tem fim, por mais otimistas que sejamos.

Caríssimos, ainda que o filósofo Rousseau tenha dito que “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”, nos parece, todavia, que o homem nasce homem, ou seja, com uma natureza própria, na qual o egoísmo é um fato incontestável, o que é possível observar nas primeiras expressões de linguagem da infância, enunciados de caráter fortemente possessivo. Não estamos com isso negando que o meio social em que nascemos e vivemos não tenha qualquer influência sobre o homem, mas destacando que ele não é a causa originária e única da corrupção, ele é sim um retrato fiel da própria natureza desregrada do homem. Talvez isto nos ajude a compreender a razão de termos ao longo da história das civilizações uma ordenação jurídica cada vez mais ampla e exigente, pois como dizia o filósofo Spinoza “os homens são, na maior parte das vezes, invejosos e mais inclinados à vingança que a misericórdia”.

Finalmente, segundo o servo de Jesus, o apóstolo Pedro, se realmente desejamos nos livrar da corrupção das paixões que há no mundo é preciso que sejamos co-participantes da natureza divina (2 Pe 1.4) por meio da fé em Cristo e da obediência a Sua Palavra, somente assim faremos raiar no horizonte do Brasil a verdadeira liberdade, aquela que não se confunde com a libertinagem e nem se rende ao seu domínio.

Uéslei Fatareli, rev. ms.