quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

E A DIGNIDADE AOS VIVOS?

Recentemente, ao prestar solidariedade a uma pessoa que tinha perdido seus familiares, em razão de deslizamento de terra ocorrido em Angra dos Reis, o governador do Rio disse que toda a dignidade seria dada aos mortos. Sem dúvida alguma, ter respeito para com o corpo de pessoas mortas é o mínimo que se espera dos que continuam vivos. Mas, e a dignidade aos vivos como fica, sabendo que a verba destinada ao programa de “prevenção e preparação de desastres” caiu 55% no orçamento da União deste ano?

Caríssimos, podemos constatar, na história antiga e nos dias atuais, que a morte de muitas pessoas já ocorreu e ainda ocorre por não se tratar os vivos com a dignidade e o respeito que deveriam e que devem ser tratados. Aliás, em nome da indiferença e do ter a qualquer custo, temos, ao longo do tempo, sacrificado o ser, temos banalizado o corpo e alma, e, em muitos casos, temos promovido sua própria destruição e desolação.

Mas, esse quadro com figuras e cores trágicas não precisa ser mantido por nós. Podemos com a graça de Deus aprender que a vida é mais do que o alimento e o corpo mais precioso do que as vestes. Podemos por amor a Deus e à vida por Ele concedida, cuidar melhor de nós mesmos e tratar melhor uns dos outros. Aliás, como já dizia o reverendo Martin Luther King Jr. “nós temos que aprender a viver como irmãos ou morreremos juntos como tolos.” Por isso, antes que a tolice faça parte de nossa lápide, amemos a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, se é que desejamos construir um mundo melhor.

Finalmente, ainda que não estejamos isentos de ter que enfrentar intempéries, é possível, por meio da fé em Cristo, aquela que não abdica a prática da justiça, o exercício da misericórdia, o trabalho consciente, prudente, responsável e inteligente, estabelecer condições melhores que nos auxiliem a preservar a vida e a dar graças pela vida. Soli Deo gloria.


Uéslei Fatareli, rev.
mestre em Ciências da Religião
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie
DIAS MELHORES EM TEMPOS DIFÍCEIS.

Enquanto vivemos neste mundo precisamos lembrar que, mesmo com todo o conhecimento adquirido até aqui pelo homem, mesmo com as medidas preventivas por ele traçadas para sua manutenção e preservação, mesmo com os adivinhadores de plantão que renascem das cinzas no final ou início de cada ano, não é possível dizer com precisão absoluta tudo que irá ocorrer em 2010, nos próximos dias, nas próximas horas ou segundos.

A titulo de exemplo podemos dizer que não é possível antecipar aonde um raio vai cair, não é possível saber o caminho exato que um furacão irá percorrer, não é possível acertar sem qualquer margem de erro a quantidade de água que uma tempestade trará consigo, não é possível afirmar com perfeição o horário que um terremoto vai acontecer ou que um apagão vai atingir várias cidades etc.

Por outro lado, é possível esperar que acidentes, fatais ou não, ocorram nas ruas e nas estradas quando motoristas dirigem embriagados, quando ciclistas e motociclistas não respeitam as leis de trânsito e quando pedestres são imprudentes. É possível afirmar, sem bola de cristal ou êxtase religioso, que uma produção desenfreada de veículos facilitará o aumento dos congestionamentos urbanos e que a impermeabilização desmedida do solo acarretará maiores inundações nas cidades. Não é preciso ter pós-graduação para saber que o lixo produzido em excesso e com destinação imprópria redundará em degradação ambiental para muitas gerações. Não é preciso nenhuma revelação mística para assegurar que gente arrogante, avarenta e egoísta produzirá toda sorte de mal na sociedade etc.

Finalmente, ao depararmo-nos com o imprevisível sejamos solidários e diante do previsível, sejamos responsáveis diante de Deus no cuidado com nossa própria vida e, ao mesmo tempo, tutores de nossos semelhantes e do planeta que nos hospeda. E isso é possível para quem viver em Cristo. Com Ele podemos, mesmo em tempos difíceis, promover dias melhores. Se pudesse lembraria o presidente dos Estados Unidos que somente com Cristo reinando em nós podemos fazer o que é certo (“with Christ we can do what is right”), sem Ele nossos esforços nascem mortos e servem apenas para expressar nossas vaidades.

Soli Deo gloria.

Uéslei Fatareli, rev.
mestre em Ciências da Religião
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie