sábado, 10 de julho de 2010


MODAS QUE NÃO MUDAM O MODO DE VIVER

A expressão “o mundo da moda” é conhecida da maioria das pessoas, tanto das que tem acesso aos meios de comunicação como daquelas que se aproximam das vitrines, sejam elas do tipo que forem. São muitos os fatores que ditam a moda ou um tipo de moda, talvez o principal deles seja a vaidade pessoal ou, quiçá, coletiva.

A moda, entretanto, não é algo que se limita ao campo estético, ela também pode ser reconhecida dentro de um setor econômico ou sócio-religioso. Nesse sentido, podemos dizer que assim como existem padrões de estética que num primeiro instante parecem incríveis, mas, depois, são facilmente substituídos, há também modelos econômicos e sócio-religiosos que estão sujeitos às mesmas situações.

Num primeiro momento, que denominamos de momento da novidade ou do inaudito, nossa tendência é ficarmos extasiados ou até mesmo anestesiados com aquilo que se nos apresenta. A força da moda é tanta que muitos de nós nem mesmo avaliamos tudo que ela pode representar ou trazer como desdobramento. Por isso, uma postura superficial diante dela, seja ela qual for, pode fazer com que sejamos esmagados pelo rolo compressor da massificação, um desastre que tem a capacidade de roubar qualidades preciosas do ser humano, tais como identidade, originalidade e individualidade.

Precisamos não ser enganados pela moda, especialmente aquela que insiste em nos fazer acreditar no que é falso. Vejamos a seguir alguns exemplos:

Há uma moda por aí que dita que a beleza está em ser magro, todavia isto é falso, pois beleza não se define exclusivamente por peso, conquanto o peso em excesso seja prejudicial à saúde, mas, beleza tem vínculo, principalmente, com saúde integral, aquela que atinge o nosso ser por inteiro e que faz com que vivamos em harmonia com nosso corpo e alma, não para que sejamos cultuados por isso, mas para que outros sejam beneficiados e encorajados a desejar e buscar o mesmo modo de viver.

Há uma outra moda que constantemente nos engana com facilidade. Referimo-nos àquela com o poder de nos fazer acreditar que, em nome do crédito ou do cartão de crédito, podemos comprar o que desejamos e também gastar o que nem mesmo possuímos. Neste caso, quando persistimos em acreditar que a moda do cartão ‘facilita nossa vida’, caímos na tentação de ‘vender nossa alma ao consumo’ e, depois de algum tempo, chegamos à conclusão que estamos presos a um sistema que não tem amigos, mas sim, interesses. Neste sistema, para quem não sabe, ‘misericórdia’ é uma palavra em extinção.

Há também a moda, dentre outras que poderiam ainda ser comentadas, que dita a denominação ou segmento religioso que ‘temos que seguir’. Geralmente, este tipo de modismo, vivido e proclamado por alguns, além do fato de reduzir Deus a um espaço ou sistema eclesiástico, na maioria das vezes mostra pouco ou quase nenhum interesse em transmitir ou testemunhar mudança no modo de viver. Esta moda se contenta em viver de aparências e muitos do que a seguem tem como alvo principal fazer parte ou uso do grupo religioso. Quando isso acontece, não há interesse em se fazer diferença na sociedade do ponto de vista ético e moral, ao contrário, estas questões são tratadas numa ótica relativista e circunstancial. Onde este tipo de moda se faz presente, Deus é tratado como um serviçal à disposição do homem 24 horas por dia, e o homem como ‘seu gerenciador’, ou seja, como aquele que ‘determina’ tanto o tempo que Ele ‘tem’ que agir como o que Ele ‘tem’ que fazer. O que essa moda não consegue esconder é que continuamos escravos de nossos arbítrios egoístas e narcisistas, um tipo de alvedrio que ao invés de garantir liberdade, acaba por nos escravizar ainda mais a um mundo sem misericórdia, paz e justiça.

Finalmente, não nos enganemos, modas que não mudam nosso modo de viver logo ficam fora de moda. Jesus Cristo, todavia, ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre (Hebreus 13.8), por meio d’Ele podemos ser nova criação com um novo modo de viver! Soli Deo gloria.


Uéslei Fatareli, rev.
mestre em Ciências da Religião
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie