quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Cidades de Jesus

Em viagem que precisamos fazer recentemente, passamos por duas cidades que possuíam, logo na entrada, algo em comum, ou seja, em cada uma delas, em lugares de tráfego intenso, haviam sido escritas, numa em portal e na outra, em placa de praça pública, expressões que declaravam que tais cidades pertenciam a Jesus. Diante do acontecido, nossa reação inicial foi a de pensar quais seriam os motivos pelos quais tais municípios faziam questão de afirmar, em espaços públicos, declaração tão séria e com tantas implicações, se paramos para refletir com a devida atenção e seriedade na vida, ensino, ética e obra de Jesus a partir dos evangelistas do Novo Testamento.

Caro leitor, segundo os Evangelhos, Jesus nasceu numa cidade, viveu e proclamou a verdade em várias, foi expulso da que havia sido criado, foi convidado a se retirar de uma delas, fez fortes advertências àquelas que possuíam moradores incrédulos, chorou ao avistar a cidade de Jerusalém, pois a mesma não reconheceu a oportunidade que teve de ter sido visitada pelo Messias e foi crucificado nela. Todavia, não vemos Jesus declarar que pertencia a Ele alguma cidade ou jurisdição municipal, mas o vemos, sim, chamar, nas cidades, de forma imperativa, pessoas ao arrependimento e ao discipulado.

Convêm, antes de prosseguir, deixar claro a todos os nossos leitores que uma cidade pode ser e precisa ser de Jesus sim, entretanto, isso não se dá simplesmente por meio de uma declaração escrita em lugar público, mas isso ocorre em razão do testemunho público de cada cidadão que se rende por inteiro ao comando de Jesus. Somente quando Ele reina na vida dos moradores de uma cidade, quando Sua Palavra é única regra de fé e prática na vida deles e quando a presença e o fruto do Seu Espírito que é amor, alegria, paz, paciência longa, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio habitam neles (Gl 5.22-23), somente aí o testemunho e o governo de Jesus podem e poderão ser vistos e reconhecidos no contexto urbano. Esperamos sinceramente que esse seja o sentido por detrás das expressões que pudemos ver e ler com reverência. Caso contrário, as cidades continuarão vazias, e se a mente vazia, como alguns dizem, é oficina do diabo, quanto mais uma cidade vazia de gente comprometida com Jesus e a mensagem do Seu Evangelho.

Finalmente, a Bíblia ensina no Salmo 24 que ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam. Entretanto, o mesmo Salmo ensina que obterão do Senhor a bênção e a justiça do Deus da salvação somente a geração dos que buscam a face do Pai Justo e Santo, ou seja, aqueles que são limpos de mão e puros de coração, que não entregam sua alma a falsidade, nem juram dolosamente. Nesse sentido, podemos ver que a declaração introdutória do Salmo traz junto de si a atitude que Deus quer dos moradores da terra, ou seja, que eles sejam fiéis Àquele que é fiel. Somente assim, podemos ser em Cristo nova criação e membros de uma nova cidade e sociedade. Uma geração que, ao invés de bombas, lança abraço e acolhimento; ao invés de promover destruição de crianças, coopera para a preservação e o desenvolvimento saudável e integral das mesmas; ao invés de separar as pessoas, facilita a construção de pontes de aproximação entre os que viviam afastados pelos muros da inimizade. Sendo assim, que se multiplique em todas as cidades, cidadãos comprometidos com o Senhor Jesus, pois o fiel testemunho deles é superior a declarações escritas em portais e placas de praças públicas.

Soli Deo gloria.


Uéslei Fatareli, rev. ms